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Resenha da “Vita Contemplativa” de Byung-Chul Han (opinião)


Nascido na Coreia do Sul, Byung-Chul Han ensinou e escreveu sobre filosofia em universidades alemãs. Ao longo da última dezena, seus livros têm aparecido em tradução para o inglês em um ritmo cada vez mais rápido. São os livros mais curtos, com as frases mais curtas, de qualquer filósofo ou teórico cultural que conheço, e aparecem em tal ritmo que hesito em descrevê-los. Vita Contemplativa: Em Hosana à Inatividade (Política) porquê seu último título em inglês, já que outro será lançado murado de uma semana posteriormente a publicação desta poste.

As dimensões dos seus livros – a maioria deles poderiam ser chamados de panfletos – parecem estar em tensão com a graduação das questões que abordam. A maioria deles (e todos os que li) analisam a confluência da ordem neoliberal e do caos cibercultural. Essas forças inspiram muita impaciência e queixas públicas, é simples, e Han traz para a discussão uma leitura ampla e profunda (principalmente na filosofia e literatura europeias) e mostra um talento peculiar para comentários incisivos.

Publicado na Alemanha em 2013 e traduzido pela MIT Press quatro anos depois, Han’s No Enxame: Perspectivas Digitais tem lampejos de percepção que beiram o profético. Extrapolando a partir do envolvente da mídia do dedo por volta de 2010, Han escreveu que “anuncia o termo do político no sentido potente – isto é, políticos que insistem em um ponto de vista e, em vez de andarem alinhados com os eleitores, ande adiante deles com uma visão. O horizonteporquê o tempo do político, está desaparecendo.” (O uso frequente de itálico é característico do estilo de Han, assim porquê a sintaxe rápida.)

No mesmo texto, ele citou o notório aforismo do jurista teutónico (e importante facilitador de Hitler) Carl Schmitt: “Soberano é aquele que decide sobre a exceção”. Han atualizou-o para o século 21: “Soberano é aquele que comanda as tempestades de merda da Internet”.

Perto da peroração do volume, Han colocou uma questão não inteiramente retórica: “Que tipo de política – que tipo de democracia – ainda é concebível hoje, oferecido que a sociedade social está a desvanecer, dada a crescente egoização e narcisização da existência humana?” Seja qual for a resposta a essa pergunta, parece que estamos vivendo isso.

Vita Contemplativao livro em questão, segue uma traço de pensamento tangencial à preocupação de Han com a “egoização e a narcisização” porquê tendências na cultura do dedo. Han escreveu em outro lugar que a cultura do narcisismo alimenta um impulso implacável à autoexploração. “Sempre nos remodelando e nos reinventando” sob as orientações do mercado e da mídia, buscamos “conquistas e otimização compulsivas” auxiliadas pelo monitoramento do dedo de nosso desempenho – sejam “curtidas” ou passos dados por dia, ou fator de impacto. Isto deixa a subjetividade do século XXI auto-absorvida, mas não autodeterminada.

A sátira de Han a estas tendências não é apresentada porquê uma mensagem moral: elas funcionam num sistema que funciona para maximizar a sua própria velocidade, eficiência e rentabilidade – um sistema que nos molda de negócio com os seus próprios imperativos.

“Porque olhamos a vida exclusivamente da perspectiva do trabalho e do desempenho”, escreve Han em Vita Contemplativa“vemos a inatividade porquê uma deficiência que deve ser superada o mais rápido verosímil”. Reservar tempo para lazer e relaxamento não foge a esta regra.

“Porque serve ao propósito de folga do trabalho”, escreve ele, o tempo de lazer “permanece ligado à lógica do trabalho. Porquê derivada do trabalhorepresenta um elemento funcional de produção… O ‘tempo de lazer’ carece de intensidade de vida e de contemplação. É hora de matarmos para não ficarmos entediados. Não é livre, tempo de vida; isso é tempo morto.”

O contraste entre “tempo morto” e “tempo livre e vivo” que Han enfatiza no novo livro distingue-o das suas críticas anteriores à cultura do dedo/neoliberal. Contra “a compulsão metódico para aumentar o desempenho” e “a capacidade universal que torna tudo alcançável, calculável, controlável, orientável, gerenciável e consumível”, Vita Contemplativa defende a inatividade porquê uma capacidade humana.

Em vez de ser um sintoma de crise pessoal ou de alguma irregularidade da vontade, a inação, tal porquê Han a concebe, é desafiadora e também diversificada nas suas possíveis manifestações. Inclui receptividade a experiências estéticas intensas; a “calma santa e festiva” verosímil nas celebrações comunitárias; tédio em intensidades que equivalem a um estado desarranjado de consciência; e momentos de encarar o mundo proveniente porquê um “você” em vez de um “isso”.

Nenhum destes exemplos conta necessariamente porquê uma variedade de experiência religiosa, mas colocá-los sob o título de “contemplação” é pelo menos um pouco imediato à espiritualidade. Han é supostamente católico, estudou teologia e tem interesse no Zen Budismo.

Isso não quer proferir que esteja em curso qualquer tipo de proselitismo. Vita Contemplativa faz secção da sátira secular contínua do responsável à cultura e sociedade contemporâneas – conduzida com referência metódico a Heidegger, Arendt, Foucault e Agamben, entre outros, mas porquê parceiros de conversação (e por vezes parceiros de disputa) e não porquê figuras sob inspecção. Porquê, na verdade, um livro sobre reflexão sem conselhos sobre porquê fazê-lo, o público fará uma autosseleção, e é porquê deveria ser.

Scott McLemee é Por dentro do ensino superiorColunista de “Assuntos Intelectuais”. Foi editor colaborador da Língua franca revista e redator sênior da A Crônica do Ensino Superior antes de entrar Por dentro do ensino superior em 2005.



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